Aos 46 anos, Christiane F. volta às drogas…

Fiquei impressionado com a notícia de que a alemã Christiane Felscherinow (lembram dela?), protagonista do filme mais marcante da minha adolescência (lembro até que tive que assistir a esse filme, escondido, na casa de um amigo devido ao seu conteúdo forte..), e do best-seller marcante da década de 70 “Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída”, voltou a ganhar destaque na imprensa alemã por, supostamente, ter voltado ao vício, aos 46 anos de idade.

Essa suposta recaída foi um dos motivos que levou as autoridades do país a assumir a guarda do filho de Christiane, de 11 anos. Mais tarde tentou levar o filho às escondidas fugindo com o namorado para Amsterdã. Na capital holandesa, Christiane teria voltado a consumir heroína.

Para quem não se lembra, a fã mais ardorosa de David Bowie (lembram que no filme ela faz de tudo para assistir ao seu show?) tomou a primeira dose de heroína aos 13 anos e aos 14 começou a se prostituir para sustentar o vício.

Segundo a imprensa local, amigos e conhecidos contam que Christiane tem buscado as antigas amizades da época das drogas, passa a noite na casa de amigos e freqüentava uma praça de Berlim famosa como ponto de venda de entorpecentes.

Christiane revelou que ingeria com freqüência a metadona, um medicamento usado na terapia para dependentes de heroína.

“Tomo diariamente uma dose pequena”, afirmou, contando ter medo de enfrentar novos problemas que a impedissem de criar seu filho.

“De outra forma, não sei o que aconteceria”, disse Christiane F. na época. “A metadona é para mim uma segurança, para que eu não caia num buraco.”

Desempregada, dizia ainda se sentir à margem da sociedade, tendo como sua principal fonte de renda o dinheiro que recebe mensalmente pelos direitos do romance que a tornou famosa…

O ex-namorado Detlef ainda está vivo e mora em Berlim. Com filho e mulher, ele se diz limpo.

Segue alguns trechos do livro que achei na Internet:

“…A noite, voltei a tomar alguns comprimidos. Um individuo normal morreria. Para mim, isto me permitia ao menos dormir algumas horas. Um sonho me despertou: sou um cão que sempre foi bem tratado pelos homens ate o dia em que o prenderam em um canil e o torturaram ate a morte.”

“…Achei que desta vez era o fim. Mas não era uma overdose, era só vinagre. Perdi toda a resistência e meu corpo não me obedecia mais. Foi assim que os outros morreram. Muitas vezes, depois de uma picada eles perdiam a consciência. E um dia eles não acordavam mais. Não sei mas por que tive tanto medo de morrer. De morrer só. Os drogados morrem sos. Mais freqüentemente em banheiros fedorentos. Tive então, uma verdadeira vontade de morrer. No fundo não esperava por outra coisa. Não sabia o que estava fazendo no mundo. Antes, eu também não sabia muito bem. Mas um viciado vive para que? Para se destruir e destruir aos outros? Pensei, naquela tarde, que seria melhor que eu tivesse morrido, mesmo que fosse só pelo amor a minha mãe. De qualquer forma, não sabia mais se existia ou não.”

Fonte: G1 e páginas do Yahoo.